As 5 principais causas de desligamentos na EsPCEX, ESA e AMAN
Recentemente eu fiz um vídeo lá no nosso canal no YouTube falando sobre a história de um cadete da AMAN que foi desligado durante o seu último ano de formação, ou seja, quando faltavam poucos meses para que ele se formasse e fosse declarado um Aspirante-a-Oficial do Exército Brasileiro.
E daí muitos jovens começaram a me mandar mensagens perguntando mais informações sobre isso, afinal de contas, ninguém quer perder 5 anos da sua vida e ser mandado embora pouco antes de se formar, não é mesmo?
Por isso eu decidi escrever este artigo, para que, desde já, você já possa entender quais são os principais fatores que causam desligamentos em escolas de formação das Forças Armadas.
Porém, eu não quero que você fique absurdamente preocupado com isso, pensando coisas como:
“Ai meu Deus, eu vou passar no concurso e vou reprovar na EsPCEX”
“Eu vou perder 5 anos da minha vida e vou acabar sendo reprovado no TAF”
“E se eu não conseguir ser aprovado nas provas lá na formação??”
… E a lista de pensamentos negativos pode continuar indefinidamente…
Em primeiro lugar, é importante que você saiba que os desligamentos em Escolas de Formação, como a ESA, EsPCEX, EEAR e AMAN são uma EXCEÇÃO, não uma regra! A imensa maioria dos jovens que ingressam nessas escolas conseguem se formar, afinal de contas, eles foram aprovados em concursos militares extremamente concorridos e, dessa forma, foram muito bem selecionados!
Não ache que a formação militar de Oficiais e Sargentos é como um curso operacional, como o Comandos ou o Guerra na Selva, onde a maioria dos candidatos pedem desligamento e só um pequeno percentual costuma se formar. Não, não é assim.
Dito isso, eu vou te falar agora quais são as 5 principais causas de desligamento em escolas de formação militar das Forças Armadas:
1 – Desligamento voluntário
Na minha adaptação na EsPCEX, os meus 2 primeiros cangas pediram desligamento (como eu conto no meu livro, o Onde Tudo Começou – adquira aqui por apenas R$1). O meu comandante de pelotão, inclusive, me falou (brincando, é claro) que eu é que estava fazendo os guerreiros pedirem desligamento.
Porém, a verdade é que eles simplesmente decidiram ir embora! E isso é bem comum nas primeiras semanas da formação, durante a adaptação. É por isso que todo concurso militar possui uma lista de espera, que geralmente é chamada de Lista de Majoração. Essa lista serve para que os candidatos que foram aprovados no concurso mas não ficaram dentro do número de vagas sejam chamados para se apresentar na medida em que candidatos peçam desligamento durante a adaptação.
Entretanto, esses desligamentos voluntários são muito comuns nas primeiras semanas e no primeiro ano da formação, sendo muito mais raros nos anos seguintes, onde os alunos e cadetes já tiveram tempo o suficiente para se adaptar e decidir se querem ou não continuar na formação.
2 – Desligamentos por problemas de saúde
Esse é um outro tipo de problema que causa muitos desligamentos, tanto na fase da inspeção de saúde do concurso, quanto durante a própria formação militar.
Durante a inspeção de saúde o candidato tem que apresentar diversos exames a uma junta de inspeção composta por vários médicos militares, para comprovar que ele realmente tem condições de saúde de ingressar na formação militar e ser submetido a todas as exigências futuras.
Dentre as principais causas de desligamento, nessa fase, estão os problemas ortopédicos, principalmente relacionados à coluna e problemas específicos, como cardiopatias, diabetes, dentre outros.
Já durante a formação, com certeza a principal causa de desligamentos são os problemas ortopédicos oriundos de lesões causadas durante atividades militares. Porém, nesses casos, fique tranquilo que você não vai ser mandado embora “quebrado” pra casa.
Caso o aluno venha a se machucar em uma instrução, ele terá todo o tratamento necessário custeado pelas Forças Armadas. Caso seja necessário, ele poderá inclusive trancar a sua matrícula, voltar para casa para continuar o seu tratamento e continuar recebendo o seu soldo mensalmente.
Em casos mais graves (que são mais raros), quando o aluno se machuca e não tem mais condições de dar continuidade a sua formação, ele poderá ser “aposentado”, passando para a reserva remunerada.
Mais uma vez, destaco que o aluno de uma escola de formação tem acesso a todo o aparato necessário para se manter saudável ou se recuperar de uma eventual lesão durante a sua formação.
Lembro, por exemplo, que no meu 3º ano da AMAN eu torci o meu tornozelo enquanto estava treinando com a equipe de basquete e lá mesmo, dentro da AMAN, tive acesso a sessões de fisioterapia que foram muito importantes para a minha recuperação.
Obs: Não deixe de ver a entrevista abaixo que fiz lá no nosso canal no YouTube com o Ten Jader, Médico do Exército Brasileiro.
3 – Insuficiência Física
Esse, inclusive, é o caso que citei no vídeo lá do YouTube (vou deixar ele abaixo pra você assistir). Existem alguns casos, que também não são tão comuns, em que os alunos e cadetes são reprovados em algum teste físico realizado durante a formação.
Isso pode acontecer por diversos motivos, mas, geralmente, nesses casos o aluno já tinha dificuldades físicas, como, por exemplo, para realizar algum tipo de exercício especifico, geralmente barra, flexão ou a corrida ou ele sofreu algum tipo de lesão e isso acabou prejudicando o seu condicionamento físico.
Eu sei que você deve estar pensando “poxa, como é que um cara consegue reprovar no TAF em uma Escola de Formação, sendo que lá os alunos fazem exercícios todos os dias?”. Pois é, e você está certo. Todos os dias nós temos sessões de Educação Física, porém, existem alguns casos sim em que o aluno/cadete acaba sendo reprovado.
É importante que você saiba disso para que você leve o treinamento físico a sério, mesmo durante a sua preparação para o concurso.
É por isso que no preparatório do Elite Mil nós fizemos questão de incluir um programa de treinamento que vai permitir que você se prepare, de forma eficiente, para o teste físico do seu concurso.
4 – Insuficiência Acadêmica
Existem alguns casos em que o cadete/aluno é desligado por algum deficiência na parte intelectual da formação, ou seja, quando ele não consegue atingir as notas e índices desejados (geralmente a média nas Escolas de Formação é 5).
Apesar de terem sido aprovados no concurso, tendo passado por um processo seletivo intelectual bastante rigoroso, muitos alunos acabam tendo muitas dificuldades durante a formação, principalmente para conciliarem os estudos com as demais demandas da formação, o que pode ocasionar notas baixas.
Isso acontece, inclusive, com maior frequência, nas Escolas de Formação de Oficiais, como a EsPCEX, AFA, EN, IME e ITA, onde o rigor intelectual das avaliações costuma ser bem maior do que o das Escolas de Sargentos.
Porém, é importante destacar que o aluno sempre terá oportunidades de recuperar o seu desempenho (e isso serve também para a parte física).
Por exemplo, quando eu fiquei de recuperação no meu primeiro ano da AMAN na disciplina de Cálculo, eu e os demais alunos com dificuldades tivemos aulas de reforço (no sábado) antes da nossa prova de recuperação, o que me ajudou bastante.
Do mesmo modo, na EsPCEX eu tinha muita dificuldade na barra e por isso eu fui “matriculado” na escolinha de barra e, desse modo, no intervalo do almoço nós sempre tínhamos aulas com um dos instrutores da Seção de Educação Física para melhorar o nosso desempenho.
Os alunos que tinham dificuldades em outros exercícios, como a natação, por exemplo, também eram matriculados na escolinha de natação e geralmente tinham aulas no início da manhã ou no intervalo do almoço (no inverno dava pena de ver o NN (não nadadores) indo pra escolinha).
5 – Problemas disciplinares
Sim, existem casos em que um aluno/cadete pode ser mandado embora por questões disciplinares mais graves. Isso, logicamente, se aplica a casos mais extremos, não a condutas mais simples e que podem ser corrigidas disciplinarmente.
Uma das condutas terminantemente proibidas na AMAN, por exemplo, é a “cola”, ou seja, quando o cadete trapaceia e busca levar vantagem durante a aplicação de uma prova. Isso é levado muito a sério nas Escolas de Formação pois as notas das avaliações (tanto teóricas quanto físicas) são as responsáveis por colocar os alunos dentro de uma classificação que, durante toda a carreira do militar, influenciará a sua vida.
Por exemplo, digamos que um aluno consiga colar em uma prova e por isso ele consiga ficar na frente na classificação de um outro aluno. Durante toda a sua carreira ele será beneficiado, em várias situações, por estar melhor classificado, em detrimento dos outros alunos piores classificados.
Por isso que a cola é levada tão a sério. Se um cadete cola, ele está dando um golpe em toda a sua turma.
Outras situações também podem causar punições e desligamentos durante a formação, como a repetição excessiva de faltas menos graves ou quando o cadete é flagrado em algum tipo de situação extremamente grave.
Inclusive eu já contei lá no nosso canal sobre o caso do cadete da minha turma que foi pego com maconha dentro do seu carro e, por isso, foi desligado do curso (veja aqui).
Esses são, meus amigos, as cinco principais causas de desligamentos durante a formação em escolas das Forças Armadas. Espero que você tenha gostado desse conteúdo e que ele sirva para que você seja um aluno/cadete ainda melhor durante a sua formação!
Não deixe de ver o vídeo abaixo, que eu citei no começo do artigo, onde eu conto a história do cadete que foi desligado no seu último ano!